28 maio 2009

A arquitectura na fotografia

Malta, deixo-vos aqui um excerto de um texto do caro Arquitecto Manuel Graça Dias...
Descobri-o no site do Fernando Guerra pelo que têm aí o link...

Se tiverem paciência leiam que vale bastante a pena, senão fica somente aqui uma mostra do que se anda a questionar por esse mundo adulto fora...

". Todos os arquitectos se julgam fotógrafos. Vítor Figueiredo especulava sobre o tema.
O que levará os arquitectos a sentirem-se tão à vontade por aí, sabendo nós que só de alguns -- poucos --, nos interessarão as fotografias?
Os arquitectos emocionam-se com a arquitectura: com a do passado, com a moderna, com a qualidade e com a originalidade do espaço, com o acerto geométrico do espaço que o espaço parecerá conter. E querem guardar essas emoções. Querem (imaginam querer), mais tarde, poder olhar o pedaço de real, recompondo mentalmente esse real. Querem copiar, transportar aquela emoção, refundi-la, eventualmente, noutros contextos, também reais.
Muitos tropeçarão, por isso, na armadilha da "objectividade". Outros divagarão sobre o olhar, propondo-nos outros olhares. A poucos sobrará a necessária paciência para, emocionados, aguardarem o acordar da manhã, o primeiro raio de sol ou então o último, a sombra longa estendida, o brilho no cerâmico, a passagem dos bandos de pássaros à hora da algazarra.
Na sua actividade solitária, privilegiarão os corredores vazios para melhor poderem, e mais à vontade, experimentar, testar, inventar o olhar.
Só quando virem passar ao longe fugaz um aluno, numa escola em férias, compreenderão então, quanto aquele vulto, subitamente, é de tal modo definitivo para a compreensão da dimensão do corredor, para o corte da luz que "rebenta" o fundo, para a inscrição da escala, face à altura do todo.
Mas a lenta artilharia técnica não se compadece com a frescura da reportagem que o arquitecto desejaria atenta, acordada e "plástica" face aos acontecimentos.
Ali, onde os acontecimentos seriam o espaço parado existente, mexido pela solene passagem do sol, no enfiado preciso com a porta-corredor-tubo, é o arquitecto-fotógrafo que, depois de tudo ajustar, emprestará ainda o seu corpo à imagem do espaço que anteviu, na ausência desse aluno que só verá do espaço a imagem mais tarde." in FG+SG by Manuel Graça Dias

P.S. Desculpem a maçada, mas achei interessante, Beijinhos e Abraços.

2 comentários:

Diogo Filipe Filipe disse...

curti...tem uma certa razão...(vou relfectir...humm...até já)

Tiago Lambuca disse...

olha eu tambem vou reflectir..ate ja.
acho que tenho de o ler outra vez.