26 maio 2010

"Chegou ao fim a era dos arquitectos-estrela"


"Esse edifício é o fim da cauda de um fenómeno que tem no seu extremo inicial o Guggenheim de Bilbau. Este abriu num momento de prosperidade económica, e os turistas agarraram nos seus dólares e foram a Bilbau, cidade da qual nunca tinham ouvido falar", explica. "Não acredito que o edifício de Zaha Hadid transforme a indústria do turismo em Roma. Não o vejo como um edifício do futuro, mas como o edifício de um passado recente."

Bergdoll já não o coloca sequer como um edifício do presente. É o símbolo do fim de uma época. "O chamado efeito Bilbau tem a ver com a ideia de as cidades serem competitivas a nível global. Julgo que daqui a 100 anos as pessoas vão relacionar o fenómeno dos arquitectos-estrela com os conflitos da economia global no final do século XX, a luta pela sobrevivência de alguns locais no meio da indústria do turismo, o marketing, a ascensão do museu como destino turístico."

Hoje já estamos a assistir a um regresso à tal dimensão social do trabalho do arquitecto. Prova disso é a exposição que o MoMA está a preparar para Outubro, Small Scale, Big Change, que apresenta projectos como uma escola primária no Burkina Faso, outra "feita à mão" no Bangladesh ou um lar para idosos ligado a uma escola para crianças na Califórnia.

Foi precisamente em 2000, no início de uma nova década e de um novo milénio, que a Bienal de Veneza, comissariada pelo arquitecto italiano Massimiliano Fuksas, deu o mote: "Mais Ética, menos Estética", proclamou Fuksas. Dez anos depois temos "um arquitecto como o chileno Alejandro Aravena [do projecto Elemental, empenhado em soluções de construção de casas a baixo custo] no júri do Prémio Pritzker, que tradicionalmente premeia estrelas". Isto é um sinal dos tempos, para Bergdoll. "Aravena não é... Bom, se é uma estrela, é um novo tipo de estrela, porque muito do seu trabalho tem a ver com preocupações sociais."

"Houve uma espécie de recuperação do movimento moderno", concorda o curador do MoMA. Mas, defende, se por um lado devemos preservar a herança moderna que possa estar em risco, por outro "não devemos criar uma nostalgia em relação a ela que conduza a um retro-modernismo unidimensional". Ou seja, não podemos ter uma relação acrítica, temos que reconhecer os falhanços do movimento moderno e, acima de tudo, temos que perceber que "não estamos num momento neo, há crises e dilemas que são muito específicos do século XXI"."


Barry Bergdoll (membro do júri do concurso A House in Luanda: Patio and Pavillion, promovido pela Trienal de Arquitectura de Lisboa)
 

4 comentários:

Dony disse...

Será??

donata disse...

mmm... ás vezes acho k sim, outras k não... há muitos arquitectos a tentarem ainda ser estrelas, mas isso nao significa que o sejam...

Diogo Filipe Filipe disse...

tou c a Nisa...

Diogo Filipe Filipe disse...

e o q é mm mt grave é a demasiada procura por se ser arquitecto estrela...e não Arquitecto.